Nota do Editor: Este artigo tambèm está disponível em Inglês e Espanhol.
Em sua nota de 17 de janeiro, o Comitê de Operações de Mercado Aberto, órgão formulador de políticas do Federal Reserve, observou que "a desaceleração do setor industrial na China e a queda nos preços globais das commodities poderiam inibir, por algum tempo, a atividade econômica nas EMEs [economias do mercado emergente] e de outros países produtores de commodities... além disso, o mercado financeiro mundial poderia ser atingido pelas incertezas referentes ao regime cambial da China."
Evidentemente, a China tornou-se um player importante no comércio mundial. Continuando o tema de nosso artigo anterior, "Trade Dynamics and China, Part 1: The United States," este artigo explora a influência global da China analisando seu comércio de mercadorias com o resto do mundo. O artigo descreve, especificamente, os tipos de mercadorias que a China importa e exporta e seus principais parceiros comercias nesses produtos. Constam os fluxos comerciais dos anos 2000, 2003, 2007, 2010 e 2014. O ano 2000 foi escolhido como ano indicador da mudança de década; 2003 é dois anos depois do ingresso da China na Organização Mundial do Comércio; 2007 é imediatamente antes da Grande Recessão; 2010 é o ano seguinte ao final da recessão; e 2014 é o último ano do qual se tem dados suficientes. Devido ao crescimento da China como um consumidor significativo da produção mundial de petróleo, o artigo enfatiza as importações, pela China, de produtos derivados de petróleo. Também analisa o comércio da China sob o enfoque regional e apresenta um mapa dinâmico, país a país, das relações comerciais entre a China e o resto do mundo.
O artigo final desta série irá examinar o comércio global com a China e com os Estados Unidos, comparando as mudanças desses fluxos comerciais ao longo do tempo.
Importações e exportações por produtos e commodities
Conforme sua economia se desenvolveu, o grande mix de tipos de produtos importados e exportados pela China mudou muito. A Tabela 1 mostra o percentual de exportações e importações, ao longo das últimas décadas, de commodities agrícolas, combustíveis e mineração e industrializados. De forma geral, a China tornou-se mais autossuficiente em termos de produtos agrícolas, mas aumentou sua demanda por petróleo e minerais usados para sustentar seu setor industrial mais expandido. Especificamente, as importações da China passaram dos produtos agrícolas para combustíveis e produtos de mineração, mantendo as mercadorias industrializadas ainda com a maior parcela de suas importações (os produtos industrializados respondiam por 60% desde os anos 80). Em contraste, a China tornou-se bem menos dependente das exportações de commodities agrícolas e de combustíveis/mineração, sendo mais de 90% de suas exportações de produtos industrializados1.
Analisando mais profundamente os tipos de commodities negociadas, as tabelas 2 e 3 fornecem detalhes sobre os grupos de produtos (agrícolas, combustíveis e mineração e industrializados) constantes da tabela 1 para os anos selecionados. Por exemplo, as tabelas mostram que, em 2014, as principais exportações da China eram de máquinas e equipamentos elétricos (tais como computadores), máquinas e aparelhos mecânicos (tais como telefones celulares), roupas e metais. As importações de máquinas elétricas representaram um quinto do total das importações da China em 2014, e os produtos de mineração somaram 16%. é importante enfatizar que o tipo de equipamento elétrico exportado (principalmente computadores) não é o mesmo que o importado (principalmente armazenamento).
Pode-se visualizar uma tabela com os 10 principais mercados da China para cada categoria de produto demonstrada nas tabelas 2 e 3 clicando-se nos títulos da categoria em cada uma das tabelas2.
Click on a commodity to view its 10 major export countries in 2000, 2003, 2007, 2010, and 2014.
The majority of electrical machinery exports went to Hong Kong, which distributes machinery globally, acting as China's middleman (this has been a consistent pattern over the years). The United States was China's second major export market for electrical equipment, with 16 percent of the total in 2014.
Since 2000, about one-third of China's total exports of machinery went to the United States and Hong Kong combined, and another third to Japan, the Netherlands, Germany, India, the United Kingdom, South Korea, Singapore, and Russia combined.
That United States has been China's major export market for furniture (always above 25 percent for the past 15 years). Japan and Hong Kong have been a large part of China's export market in past decades.
As chart 2D shows, China exports articles of apparel (knitted or crocheted) predominantly to the United States, Japan, and Hong Kong. Japan had long been China's major export market for clothing (about 34 percent of China's total apparel and clothing exports in 2000), but by 2014 the United States almost doubled Japan's share.
One-third of China's exports of articles of apparel and clothing, not knitted or crocheted, come from the top two markets: the United States and Japan.
Almost 50 percent of China's exports of optical photographic and medical instruments goes to the United States, Japan, and Hong Kong. These countries have been the top three export markets of China's since 2000, but their total percentage has been decreasing (more than 60 percent in 2000). (Note that data availability in Comtrade starts in 2000.)
In 2014, China exported plastic products mainly to the United States, about one-fifth of China's total exports of plastic and plastic-related items that year. The remaining nine out of top 10 countries in the chart comprised one-third of China's total exports of plastic in 2014. The top export markets of plastic have been relatively consistent over the years, with the United States on top of the list since around 2000.
The United States represented 16 percent of China's total exports of vehicles in 2014, while the nine other major export markets shared one-third of the remaining pie.
More than 77 percent of the total exports of natural and precious stones for each year went to the United States and Hong Kong only.
In 2000, the top 10 export markets for iron and steel represented 70 percent of its total exports, but their proportion slowly decreased to 44 percent by 2014. The United States is again leading the export market for China.
Click on a commodity to view its 10 major import countries in 2000, 2003, 2007, 2010, and 2014.
Chart 3A shows China's major import partners for electrical equipment in 2014. A large proportion of those imports came from Asia (about 71 percent in 2014); 20 percent came from the United States, Germany, the Philippines, Singapore, Vietnam, and Thailand.
Chart 3B shows China's main source of imported fuel products. They are generally sourced from the Middle East, Africa, and Russia, although the primary source varies over time.
Chart 3C shows China's top 10 imports and export markets for machinery since 2000. Approximately 60 percent of China's total imports of machinery came from Japan, Germany, South Korea, and the United States in 2014.
The majority of import markets for ores, slag, and ash are emerging markets and neighbor countries, including Australia, Brazil, India, Chile, and the Philippines. Australia has been the major importer of ores, slag, and ash from China.
The major import markets of optical, photographic, cinematographic, and other items are Asian countries. United States was a large proportion of China's imports of this good, but this percentage has decreased over the decades, to 12 percent in 2014.
It is not surprising that a large percentage of vehicles imported by China over the years came from Germany, Japan, and the United States, all major carmakers. China's imports of vehicles from Japan have been decreasing, going from 33 percent in 2003 and 2007 to less than 20 percent in 2014.
In 2014, China imported the majority of its plastic from neighboring countries in Asia.
Since 2000, Japan and South Korea have been the two major import markets for organic chemicals. In 2014, they represented 40 percent of the whole organic chemical market.
Since 2000, Chile has been the top source of China's imports of copper (approximately 20 percent). In 2014, Japan, Australia, and the United States together represented about 20 percent of China's import market for this specific good.
Over the years United States, Brazil, Canada and Argentina have been the top four import markets of China for seeds (controlling more than 70 percent of the import market since 2000). In 2014 these countries combined represented approximately 92 percent of China's total imports of seeds.
Consumo e produção de petróleo pela China
O apetite da China por petróleo aumentou com o tempo. Em 2014, o consumo na China foi maior do que no Oriente Médio, áfrica e América Central e do Sul. No entanto, o consumo de petróleo pelos EUA ainda foi consideravelmente maior do que o consumo da China. A China contribui com 5% da produção mundial de petróleo, que é metade da produção total de petróleo da ásia. O Oriente Médio ainda era o principal produtor de petróleo em 2014 (32% do total da produção mundial), seguido pela América do Norte (21%) e Europa e Euro-ásia (19%).
A Tabela 4 mostra o índice proporcional entre o petróleo consumido e o produzido em várias regiões econômicas selecionadas, nos Estados Unidos e na China em 2014. Quando o índice calculado for menor do que um, significa que o país em questão está produzindo mais do que consome; ao chegar a um, a quantidade de petróleo consumida e a produzida é a mesma; e quando for maior do que um, o país ou a região consome mais do que a quantidade que produz. De acordo com a tabela, os países asiáticos e a China estavam consumindo mais do que o dobro de suas respectivas produções de petróleo. Os Estados Unidos e a Europa também estavam consumindo mais petróleo do que produziam, mas nem tanto quando a ásia. Não é de se surpreender que os países do Oriente Médio e da áfrica estavam produzindo bem mais petróleo do que suas necessidades domésticas, enquanto os países da América Central e do Sul estavam consumindo 90% do total de sua produção.
Importações e exportações por regiões
Graças às reformas tarifárias implementadas nos anos 80, bem como ao ingresso da China na Organização Mundial do Comércio (OMC) em 2001, mercadorias e serviços agora se movimentam mais livremente através das fronteiras da China. Uma vez membro da OMC, a China expandiu suas exportações para novos mercados, ao mesmo tempo em que diversificou suas importações de todas as regiões A China também expandiu seu papel principal de parceira comercial de quase todos os seus países vizinhos e mercados emergentes.
A Tabela 5 mostra a participação, ao longo das décadas, de várias regiões econômicas no total das exportações da China. Ao olhar para as sete regiões e sub-regiões listadas na tabela, vê-se que a China exporta principalmente para as economias avançadas3 mesmo que seu comércio bilateral venha diminuindo ao longo dos anos (de 73% em 1980 para 65% em 2014). O mercado emergente e os países em desenvolvimento4 representam o segundo maior mercado de exportação da China (13% do total das exportações da China em 2014). As exportações para a Europa e Oriente Médio permaneceram constantes ao longo das décadas, enquanto as exportações para a região Subsaariana e o Hemisfério Ocidental tiveram um pequeno aumento desde a década de 1980.
Da mesma forma, a Tabela 6 mostra as importações feitas pela China por regiões selecionadas ao longo das décadas. As importações da China de economias avançadas (tais como a Europa) diminuíram ao longo do tempo para 56% do total das importações da China em 2014. A China tem aumentado suas exportações de todas as outras regiões, especialmente de mercados emergentes, países em desenvolvimento e da ásia em desenvolvimento, que representaram 44% do total de suas importações em 2014. As economias avançadas, como um grupo, ainda representam a maior fonte individual de importações da China.
Similarly, chart 6 shows China imports by selected regions over the decades. China's imports from advanced economies (such as Europe) have decreased over time to be 56 percent of China's total imports in 2014. China has been increasing its imports from all other regions, particularly from emerging-market and developing countries and developing Asia, which represented 44 percent of total imports in 2014. Advanced economies as a group are still China's single largest source of imports.
China e as importações de e exportações para países em todo o mundo
Ao longo de décadas, os Estados Unidos deixaram de ser um dos três principais mercados de exportação da China tornando-se o primeiro colocado: 5,4% do total das exportações da China foram para os Estados Unidos nos anos 80 e esse número subiu para quase 17% em 2014. Em contraste, a participação do Japão no comércio com a China caiu, ao longo das décadas, de 22,2% em 1980 para 6,4% em 2014. Apesar dessa queda, o Japão continua sendo o terceiro maior parceiro comercial da China. O percentual de Hong Kong tem caído constantemente desde a década de 80, mas ainda representa uma larga parcela das exportações chinesas. Cerca de 8% das exportações da China vão para a Alemanha, Países Baixos e Reino Unido conjuntamente, que são os países europeus na lista dos 10 principais parceiros de exportação da China. é importante salientar, que os países europeus têm um acordo de livre comércio entre eles; de fato, as mercadorias que viajam para qualquer país da União Européia (UE) podem ser redistribuídas entre os países membros da UE.
A China exporta para a Coreia do Sul três vezes mais do que para o Vietnã, índia, Rússia, Cingapura, Malásia e Taiwan. Aproximadamente 1% das exportações chinesas é enviado para cada um dos seguintes países: Austrália, Indonésia, Emirados árabes Unidos, Brasil, México, Canadá, França, Irã, Filipinas e Itália. Em 2014, os 25 principais mercados de exportação da China receberam pelo menos 1% do total das exportações da China, enquanto o restante do mundo combinado representou menos do que 20% do total das exportações da China. Por outro lado, na década de 80, os primeiros 15 países representaram mais do que 80% das exportações chinesas. O mapa 1 mostra uma visão dinâmica da participação das exportações da China para cada país, calculada como um percentual das exportações globais da China para cada um dos vários anos selecionados (1980, 1990, 2000, 2003, 2007, 2010 e 2014).
Da perspectiva das importações, a China importou 60% do total de suas importações de 10 parceiros principais: Coréia do Sul, Japão, Estados Unidos, Taiwan, Alemanha, Austrália, Malásia, Brasil, Arábia Saudita e áfrica do Sul. A China importou do Japão e da Coreia do Sul cerca de 9% do total de suas importações em 2014. Nos idos 1980, o Japão respondia por um quarto das importações da China e a Coreia do Sul era a 59a na lista dos parceiros comerciais da China, calculado pelas importações de mercadorias. Os Estados Unidos tem estado há tempos entre os cinco principais fornecedores de importações, mesmo com sua participação diminuída de 19,8% nos anos 80 para 7,9% em 2014. A Alemanha e a Austrália também estavam bem classificadas na lista, enquanto a participação das importações da China provenientes do Brasil e da Arábia Saudita aumentou quase oito vezes desde os anos 80.
A China recebeu, em 2014, 22% do total das importações cumulativamente dos seguintes países: Rússia, Suíça, Tailândia, Angola, Cingapura, Irã, França, Indonésia, Omã, Reino Unido, Canadá, Chile, Filipinas, Iraque, Vietnã e Itália. Na década de 1980, apenas 14 países respondiam por 84% do total das importações da China. O forte aumento no número de mercados a partir dos quais a China importa suas mercadorias poderia ser a prova de que a China está penetrando um pool cada vez maior de mercados diversificados. O Mapa 2 mostra uma visão dinâmica da participação das importações da China a partir de cada país, calculada como uma porcentagem das importações globais da China para cada um dos vários anos selecionados (1980, 1990, 2000, 2003, 2007, 2010 e 2014).
Conclusão
Este artigo explorou as dinâmicas comerciais entre a China e o resto do mundo em termos de exportações e importações de mercadorias pela China. Evidentemente, muita coisa mudou desde os anos 80 quando a China importava principalmente produtos agrícolas e exportava algumas mercadorias industrializadas . Hoje, a China importa uma grande quantidade de combustíveis e commodities de mineração e exporta, quase que exclusivamente, mercadorias industrializadas. O consumo de petróleo pela China cresceu significativamente ao longo das últimas décadas e em 2014 era a segunda maior consumidora de petróleo do mundo, importando produtos de petróleo principalmente do Oriente Médio, da áfrica e da Rússia.
As economias avançadas, como um grupo, representam o principal parceiro comercial da China. Mas desde os anos 80, conforme a China expandiu sua participação no comércio global em geral, o comércio da China tornou-se cada vez mais diversificado ao longo das regiões.
O artigo final desta série analisará os fluxos comerciais entre a China e o resto do mundo, comparando-os com os fluxos comerciais dos Estados Unidos. Como esses padrões comerciais mudaram ao longo do tempo e entre quais tipos de mercadorias? Veja as respostas no próximo artigo.
1 Grande parte das importações são reimportadas da China, mas reimportações da China são subtraídas do cálculo da participação. Reimportações são mercadorias produzidas na China que voltam ou deixam a China sem serem modificadas ou transformadas. Frequentemente as mercadorias reimportadas são provenientes de Hong Kong.
2 O Comtrade usa "ásia Outros" como um parceiro (a) para comércio de baixos valores na ásia; (b) se o parceiro era desconhecido pelo país que divulgou as informações, mas a região estava clara; (c) devido a erros de mensuração; (d) o país que divulgou as informações não especificou os parceiros comerciais, apenas a região. "ásia Outros" representa uma grande parcela do comércio da China, então não pode ser ignorada.
3 Incluindo Estados Unidos, a área do euro, Japão, Reino Unido e Canadá.
4 Incluindo Rússia, ásia em desenvolvimento (China, índia, ASEAN-5), Europa em desenvolvimento, América Latina e Caribe, Oriente Médio, Norte da áfrica, Afeganistão, Paquistão e a áfrica Subsaariana.