Nota do Editor: Este artigo tambèm está disponível em Inglês e Espanhol.
Quando a moeda da China desvalorizou-se no começo desde ano, legisladores, pesquisadores e investidores de todo o mundo agitaram-se para desvendar o que exatamente a queda do Yuan sinalizava sobre a macroeconomia da China.
O Yuan – ou renminbi, como tambÉm É conhecido – caiu 4,5% em 2015, sua maior queda desde 1994, uma queda que produziu flutuações agressivas nos mercados financeiros globais. A equipe do Federal Reserve, incluindo o Presidente do FED de Atlanta, Dennis Lockhart, obsevou que a situação na China tem sido um dos fatores da gradual abordagem do Comitê de Operações de Mercado Aberto para aumentar a taxa de juros.
Entender a fundo as operações da economia chinesa É complicado, em parte devido ao fato de o país ter recentemente emergido como um poder econômico global, e por outro porque as estatísticas econômicas da China nem sempre são reunidas da forma em que tais números devem ser compilados nas outras grandes economias.
Mas uma equipe de pesquisadores do FED de Atlanta está trabalhando com autoridades chinesas para tornar os dados do país um pouco mais fáceis de serem entendidos pelos economistas ocidentais. O grupo – formado pelos economistas pesquisadores Tao Zha, Patrick Higgins e Daniel Waggoner - está decompondo os números das agências governamentais chinesas. Por exemplo, diferentemente de muitas outras nações, as agências de estatísticas chinesas não ajustam periodicamente alguns dados econômicos.
"Isso não É um trabalho trivial," declarou Zha, nascido na China.
Novo PIB, ferramenta de previsão da inflação
Um dos esforços mais recentes da equipe do FED de Atlanta talvez seja o seu mais notável. O grupo de Zha divulgou em julho um modelo que projeta o crescimento do produto interno bruto (PIB) e a inflação da China (GDP) de forma mais precisa do que outras ferramentas. Referindo-se àquele trabalho como "um dos melhores trabalhos que eu li recentemente," o economista do FED de Kansas City e pesquisador sobre a China Jun Nie disse que a equipe do FED de Atlanta está contribuindo de forma significativa para preencher as lacunas que incomodam os pesquisadores que tentam entender a segunda maior economia do mundo.
A pesquisa do FED de Atlanta "portanto abre a porta para pesquisadores do mundo" que estudam a economia da China, declarou Nie.
A China É importante e está se tornando mais ainda
Evidentemente, a China É importante para a economia global e, assim sendo, para o Federal Reserve. Mas a nação de 1,4 bilhões de habitantes É relativamente novata como poder econômico mundial. Por dÉcadas, o PIB da China cresceu regularmente antes de uma elevação acentuada que se iniciou nos anos 90. De 1960 a 1990, o PIB chinês medido em renminbi aumentou seis vezes em termos reais ou por ajuste da inflação. Durante os 25 anos seguintes, no entanto, o GDP da China multiplicou-se por 11, crescendo a uma taxa de aproximadamente o dobro daquela dos 30 anos anteriores (vide o infográfico).
Hoje a China, como segunda maior economia, fica atrás apenas dos Estados Unidos. Mas segundo o Banco Mundial, mesmo depois de seu crescimento espetacular, o PIB per capita da China ainda É de apenas US$8.000, comparado a US$56.000,00 dos Estados Unidos. Então, partindo de uma base tão baixa e com uma população de aproximadamente quatro vezes a da AmÉrica, a China parece posicionada para, finalmente, ultrapassar os Estados Unidos como a maior economia do mundo.
Conforme a economia chinesa continua crescendo, a China, consequentemente, desempenha um papel maior na formação das tendências globais que afetam todas as economias, inclusive a dos Estados Unidos. "Para o FED, entender a China É cada vez mais importante, pois nossa política monetária depende cada vez mais da China", explicou Zha, que tambÉm É diretor do Centro de Pesquisas Econômicas Quantitativas do FED de Atlanta.
Em longo prazo, acrescentou ele, um importante objetivo da equipe de pesquisa do FED de Atlanta É ajudar o governo da China a continuar aprimorando a qualidade de suas informações econômicas. Zha insiste que, em última análise, será mais conveniente confiar nos dados sólidos de fontes oficiais chinesas – da mesma forma que os economistas usam os dados oficiais dos governos do Ocidente – em vez de uma tentativa de interpretar sÉries de estatísticas totalmente separadas. Afinal de contas, o princípio fundamental da pesquisa É todos trabalharem juntos com uma sÉrie de números acordados.
Desafios junto às agências de dados
Zha mantÉm contato sistemático com as agências e a academia de estatísticas chinesas. Essas e outras autoridades chinesas estão felizes com o trabalho que ele e seus colegas do FED de Atlanta estão fazendo, diz ele.
Complementando o relacionamento de Zha com a China, Higgins e Waggoner – juntamente com o próprio Zha – são especialistas na construção de modelos de econometria, refinamento de dados e matemática avançada. (Um exemplo do trabalho deles É o exame de dados de sÉries cronológicas sobre a macroeconomia da China). Dessa forma, o trabalho tira proveito dessa mistura de relacionamentos e experiências pessoais. Por exemplo, um dos aspectos pouco entendidos da economia da China envolve as empresas da indústria pesada, muitas das quais são estatais. Não está totalmente claro exatamente o que constitui uma empresa estatal na China e quanto representam essas empresas do total dos investimentos do país. A China ainda não produz dados abrangentes sobre a participação das empresas da indústria pesada nos investimentos. Zha, Higgins e Waggoner procuram coletar informações sobre investimentos examinando os dados disponíveis sobre as indústrias pesadas estrategicamente favorecidas pelo governo chinês, tais como as siderúrgicas, indústrias de carvão, petróleo, setores imobiliário e bancário.
É extremamente importante entender a composição das fontes de investimentos. A economia da China É desproporcionalmente abastecida por investimentos, enquanto as economias mais desenvolvidas – como os Estados Unidos – têm um maior equilíbrio entre investimento e consumo. E para realmente entender a economia chinesa, É essencial calcular o volume de investimento nas empresas estatais, pois a economia da nação ainda É principalmente planejada de forma centralizada pelo governo, diferentemente do que ocorre com as economias capitalistas.
Extrapolar essas respostas sutis sobre a macroeconomia da China envolve mais "força bruta" do que trabalhar com as estatísticas mais refinadas dos EUA, comentou Higgins que desenvolveu o bem conceituado instrumento de previsão nacional, GDPNow. A força bruta exige trabalhos tais como decodificar severas oscilações nos números ano a ano. às vezes, os motivos por trás de movimentos tão dramáticos em um curto prazo podem ser verificados em trabalhos de pesquisa ou outros materiais, mas às vezes não, explicou Higgins.
Ainda há muito a aprender
No entanto, os pesquisadores ainda têm muito que aprender sobre a economia da China. Por isso, Zha e Higgins evitam dar declarações sobre para onde vai a economia da China, ou se o país está numa grande encruzilhada. "Eu acho que não É possível saber realmente," acrescenta Higgins.
Juntamente com colegas da Emory University em Atlanta, onde Zha lecionou e cultivou relacionamentos, os economistas esperam aumentar seus esforços para melhor entender o preeminente poder econômico da ásia. Por exemplo, Higgins explica que eles provavelmente continuarão a refinar a ferramenta de previsão sobre a China.
"É um assunto importante," alega Zha. "Considerando que já temos esses talentos aqui e recursos já dedicados a isso, devemos fazer mais. Acho que devemos usar nosso talento."