Este relatório anual destaca os projetos, produtos, programas e iniciativas mais significativos do Centro das Américas em 2009. Essas conquistas demonstram a cooperação de pessoas dedicadas de toda a nossa organização, muitas vezes em parceria com colegas de várias outras instituições.

Iniciativa de Acesso aos Serviços Bancários
Em 2009, o Centro das Américas lançou sua iniciativa "Acesso aos Serviços Bancários" com uma conferência internacional. A iniciativa apoia, por meio de liderança, pesquisa, educação e colaboração, a expansão do acesso e o uso de serviços bancários tradicionais com o objetivo de melhorar a estabilidade financeira pessoal e o crescimento econômico regional nas Américas. Educação financeira que cria consumidores informados, produtos financeiros inovadores e seguros e o comprometimento com proteção ao consumidor promovem o acesso a serviços bancários para aqueles que não usam ou pouco usam tais serviços.

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A conferência de 2009 realizada na Faculdade de Administração da Florida International University em 18 de março foi iniciada pela Primeira Vice-Presidente do FED de Atlanta, Pat Barron, que enfatizou a grande importância de melhorar o acesso ao sistema financeiro. Os painéis de discussão exploraram temas que incluiram a maneira em que o acesso a serviços bancários tradicionais estabiliza as comunidades e de que maneira o crescimento dos mercados consumidores de serviços bancários pode ocorrer de maneira segura por meio da educação financeira, regulamentação e inovação de produtos. Os palestrantes também discutiram como as parcerias de sucesso apóiam o contínuo progresso no acesso a serviços bancários por aqueles que ainda não os utilizam.

Uma tentativa de acompanhamento foi a criação de uma página Web de Acesso aos Serviços Bancários. Destinada a estimular a comunicação contínua sobre melhores práticas entre profissionais das comunidades acadêmicas, sem fins lucrativos, bancária, regulatória e do governo, a página Web proporciona acesso a informações e recursos relacionados à expansão de serviços bancários tradicionais a comunidades e segmentos de mercado mal-atendidos.

Iniciativas de Remessas e Imigração
Um dos objetivos estratégicos do Centro das Américas é prover liderança em pesquisa econômica e monetária sobre os principais desafios políticos do hemisfério. Os economistas do FED de Atlanta estão conduzindo pesquisas de ponta sobre o impacto econômico causado pela imigração e pelas remessas.

Abordagens Quantitativas à Política Monetária em Economias Abertas

Em maio, o Centro de Pesquisa Econômica Quantitativa (CQER) do FED de Atlanta e o Centro das Américas foram os patrocinadores da conferência "Quantitative Approaches to Monetary Policy in Open Economies" (Abordagens Quantitativas à Política Monetária em Economias Abertas). O evento reuniu os principais economistas de universidades e bancos centrais para discutir novas pesquisas sobre modelos quantitativos na formação da política monetária. Os temas incluíram uma estimativa de modelos úteis em economias abertas e "se e como" os recentes avanços na modelagem dos atritos financeiros e mercados de trabalho são úteis para contribuir para o enquadramento e a previsão do modelo. Recentes avanços nos modelos quantitativos de metas de inflação flexíveis foram apresentados. Em muitas economias emergentes os dados não são estáticos como ocorre nos países desenvolvidos, e os participantes discutiram como proceder nessas circunstâncias.

Guillermo Calvo fez o discurso programático e foram palestrantes o membro do Conselho Consultivo do CQER Martin Eichenbaum, bem como economistas de bancos centrais da Argentina, Chile, Colômbia, Nova Zelândia, Noruega, Peru, Suécia e Uruguai. A conferência foi concluída com uma mesa redonda de discussão liderada pelo Diretor de Pesquisa do Banco Central del Uruguay Research, Gerardo Licandro, pelo Governador Adjunto do Reserve Bank da Nova Zelândia, John McDermott e pelo Governador Adjunto do Sveriges Riksbank-Sweden, Lars Svensson.

As economistas do FED de Atlanta Myriam Quispe-Agnoli e Julie Hotchkiss vêm conduzindo pesquisa sobre o impacto econômico da imigração sobre o salário e o emprego. Seus documentos recentes focam nas diferenças salariais entre os trabalhadores legais e os ilegais; em que medida os trabalhadores ilegais substituem os trabalhadores legais; os padrões adotados pelas empresas que contratam trabalhadores ilegais; e a conexão entre a contratação de trabalhadores ilegais e os ciclos dos negócios.

O papel das remessas na macroeconomia é um dos principais tópicos de pesquisa de Federico Mandelman, economista do FED de Atlanta, que está explorando de que maneira os recursos que os trabalhadores estrangeiros enviam a seu país de origem (que atualmente somam US$65 bilhões por ano no Hemisfério Ocidental) afetam a economia como um todo. Na América Central e no Caribe, as remessas correspondem a 25–35 por cento do produto interno bruto de alguns países. Em muitos casos, núcleos familiares menos favorecidos são os principais beneficiários desses fluxos. Vários estudos demonstram que, devido a essas remessas, as crianças passam mais tempo na escola e há uma redução significativa no trabalho infantil. No entanto, a entrada maciça de divisas poderá levar a uma valorização cambial efetiva e à perda de competitividade nessas economias. As remessas estão intimamente ligadas à construção de novos conjuntos habitacionais nos Estados Unidos. Os imigrantes latinoamericanos são empregados em números expressivos pela indústria da construção civil dos Estados Unidos, mas, infelizmente, muitos desses trabalhadores são imigrantes ilegais e é extremamente difícil acompanhar seu paradeiro. O nível de remessas é um bom indicador da situação dos postos de trabalho no setor de construção de moradias, monitorado de perto pelo FED de Atlanta.

Operações de Caixa do Sexto Distrito
Como os cidadãos dos países da América Latina e do Caribe usam frequentemente a moeda norte-americana como meio de reserva de valor, os acontecimentos políticos e os choques econômicos nesses países muitas vezes afetam os volumes de dinheiro movimentados pela Agência de Miami do FED de Atlanta. Por exemplo, eleições políticas com frequência estimulam a demanda pela moeda norte-americana na região. Além disso, no pico da crise de crédito global no final de 2008, a demanda significativa por dólares dos Estados Unidos na região impulsionou um aumento de 76 por cento nos pagamentos em moedas feitos pela Agência de Miami a instituições financeiras estrangeiras. Esse dinheiro continua a ser mantido por pessoas no exterior, conforme demonstram os padrões de volume de 2009. A continuidade da crise econômica e a queda nas remessas resultante das perdas de postos de trabalho de migrantes em 2009 reduziram os depósitos de moeda norte-americana na Agência de Miami por parte de instituições financeiras, especialmente as mexicanas.

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Consequentemente, o conhecimento dos acontecimentos geopolíticos e da inteligência de mercado econômico é essencial ao planejamento estratégico das operações de caixa do Sexto Distrito. Durante todo o ano 2009, o departamento de caixa da Agência de Miami e a Diretoria de Função de Caixa da Agência de Nova Orleans organizaram reuniões e teleconferências com representantes de bancos internacionais correspondentes e receberam integrantes da equipe de operação de caixa dos bancos centrais no escritório de Miami.

Diretoria de Pagamentos de Varejo
Em 2009, o foco da Diretoria de Pagamentos de Varejo (RPO) do Sistema do Federal Reserve estava centrado numa maior integração com padrões de pagamento globais, ajudando a promover as principais iniciativas do setor para criar oportunidades de se conectar com mais países e oferecer mais opções de pagamentos. Por exemplo, a câmara de compensação transnacional automatizada (ACH) do Federal Reserve foi renomeada "FedGlobal ACH Payments" e lançou uma série de melhorias no programa ao oferecer pagamentos bidirecionais com o Panamá.

A RPO implantou um novo formato transnacional na rede ACH dos Estados Unidos e contribuiu para o planejamento da Estrutura de Pagamentos Internacionais (IP), uma iniciativa global para criar normas, padrões, procedimentos operacionais e diretrizes para a compensação de pagamentos transnacionais. Trabalhar para o lançamento, em 2010, do projeto IPF com a Europa também significou a implantação do ISO (International Standards Organization) 20022 no processamento de pagamentos e a conexão com a rede SWIFT (Society for Worldwide Interbank Financial Telecommunication).

Em 2009, a RPO também preparou o terreno para uma maior expansão do alcance do FedGlobal na América Latina. No primeiro semestre de 2010, o FedGlobal começará a oferecer às instituições financeiras dos Estados Unidos a opção de enviar pagamentos account-to-receiver (da conta para o destinatário) para treze países das Américas. Esta opção permitirá aos beneficiários sem conta bancária buscarem os recursos em pontos de distribuição.

Prevenção à Lavagem de Dinheiro e Diálogo com o Setor Privado
O combate à lavagem de dinheiro, ao financiamento do terrorismo e às fraudes continua a ser um das prioridades do grupo de fiscalização e regulamentação internacional do FED de Atlanta. As atividades de fiscalização e combate à lavagem de dinheiro (AML) do grupo são complementadas por programas de longo alcance para supervisores de bancos, entidades fiscalizadas, fornecedores e policiais locais, especialmente na América Latina, com a finalidade de prevenir e detectar crimes financeiros. O objetivo geral é proporcionar maior consistência nas atividades de fiscalização ao longo dos ramos de negócios, dar treinamento e educação abrangente aos interessados em questão e contribuir para o desenvolvimento da política e da prática de fiscalização.

Um excelente exemplo desse longo alcance é o Diálogo com o Setor Privado (PSD) AML que busca incentivar maior contribuição entre o governo dos Estados Unidos, os supervisores de bancos dos Estados Unidos, Canadá e regionais; e as instituições financeiras do setor privado que representam a primeira linha de defesa no combate às ameaças de lavagem de dinheiro e no combate ao financiamento do terrorismo (CFT). Em outubro, integrantes seniores do grupo de fiscalização internacional participaram do 4° PSD Estados Unidos – América Latina em Buenos Aires, na Argentina, evento organizado pelo banco central da Argentina e pela Associação Argentina de Bancos.

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A reunião em Buenos Aires foi focada na maneira como os bancos e reguladores enfrentam as realidades econômicas atuais ao aplicar as políticas AML/CFT, especialmente com relação a economias informais. As discussões também exploraram os problemas encontrados ao compartilhar informações interna e internacionalmente e a importância de melhor entender as vulnerabilidades dos pagamentos transnacionais. Os participantes também discutiram a importância de mudar a opinião das instituições para um enfoque realmente baseado em risco com relação ao cumprimento e de que maneira os padrões internacionais e regionais, incluindo a aplicação de sanções financeiras, podem ajudar a criar uma rede global mais forte para combater a lavagem de dinheiro e o financiamento do terrorismo.

Estágio de Dissertação do Centro das Américas
Todo ano, o Centro das Américas convida candidatos a PhD que estão escrevendo dissertação na área de economia sobre tópicos que tenham relação direta com a América Latina e o Caribe a se candidatarem para um estágio de dissertação durante o verão. Espera-se que os estudantes progridam de forma significativa em suas dissertações durante seu período de oito semanas no banco e que façam duas apresentações formais sobre suas pesquisas, além de permanecerem disponíveis para consultas dos integrantes da equipe do Departamento de Pesquisa e de outras áreas do banco.

Private Banking Internacional, Gestão de Riscos e Desafios Estratégicos em uma Era de Volatilidade

Durante este momento de incerteza econômica global, as atividades internacionais de private banking têm sido afetadas em todo o mundo. Como as instituições financeiras trabalham para permanecerem competitivas, devem utilizar gestão de risco e práticas estratégicas inovadoras para lidar com esse cenário desafiador e mutante.

Em março, o grupo de análise de bancos estrangeiros do grupo de fiscalização e regulamentação internacional do FED de Atlanta, em parceria com a Florida International Bankers Association, realizaram, no café da manhã, o fórum do Centro das Américas sobre "International Private Banking, Risk Management, and Strategic Challenges in an Era of Volatility" (Private Banking Internacional, Gestão de Riscos e Desafios Estratégicos numa Era de Volatilidade). Um grupo formado por profissionais de private banking internacional baseados em Miami, representando as instituições bancárias estrangeiras da região, apresentaram suas próprias percepções e opiniões sobre as medidas que tomaram para acalmar a tempestade e quaisquer prognósticos para o futuro. O fórum, que contou com a presença de muitos participantes, ofereceu uma boa oportunidade para uma discussão e diálogo dinâmicos entre os representantes de bancos internacionais na comunidade de Miami e integrantes da equipe de fiscalização e regulamentação sobre um tema atual.

Em 2009, o estagiário foi Javier Bianchi, da University of Maryland, cuja dissertação analisa de que maneira as imperfeições do mercado de capitais podem gerar um nível excessivo de fragilidade financeira e investiga o papel do governo na prevenção de crises financeiras.

Durante seu estágio no Departamento de Pesquisa Bianchi publicou "Overborrowing and Systemic Externalities in the Business Cycle" (Endividamento Excessivo e Externalidades no Ciclo dos Negócios) (Atlanta Fed Working Paper 2009-24). No trabalho, ele destaca que agentes privados tendem a subvalorizar o patrimônio líquido durante um período de dificuldades financeiras porque deixam de internalizar o fato de que mais patrimônio líquido teria excedentes positivos sobre o balanço patrimonial de outros agentes. Consequentemente, os agentes privados contraem empréstimos excessivos. As implicações quantitativas dessas "externalidades de crédito", no entanto, permanecem predominantemente desconhecidas. Usando modelos estocásticos dinâmicos e não lineares de equilíbrio geral, Bianchi pergunta "Até que ponto a avaliação do patrimônio líquido a menor gera dívida demais em relação ao ótimo social, e quão grandes são as perdas de bem-estar social devido a essas externalidades? O trabalho conclui que as externalidades de crédito podem produzir um aumento significativo da fragilidade financeira e acarretar custos incomuns de bem-estar social.

Assistência Técnica no Exterior
O grupo de fiscaliza ção e regulamentação internacional continuou sua iniciativa de fornecer programas de prestação de assistência técnica no exterior (FTA) a supervisores bancários estrangeiros. Em 2009, oito integrantes da equipe de fiscalização e regulamentação orientaram cursos em seis países estrangeiros e em Washington, D.C. Esses programas focaram temas tais como análise e investigação de bancos, análise de risco de crédito, supervisão focada em risco, avaliação de risco, controles internos, avaliação de riscos operacionais, risco de mercado e investigação sobre a prática de lavagem de dinheiro.

Workshop sobre Economia Internacional e Desenvolvimento

Em 4 de dezembro, o centro realizou o Terceiro Workshop do Sudeste sobre Economia Internacional e Desenvolvimento em parceria com a Stetson School of Business da Mercer University. A conferência reuniu economistas de todo o país para discutir novas pesquisas sobre uma série de temas relacionados à saúde econômica, comércio, finanças e crescimento.

Em um dos destaques da conferência, Felix Rioja e Neven Valev da Georgia State University apresentaram o trabalho "Stock Markets, Banks, and the Sources of Economic Growth" (Mercado de Capitais, Bancos e as Fontes do Crescimento Econômico). Eles concluíram que em países de alta renda há fortes evidências de que os bancos e os mercados de capitais afetaram de forma independente o crescimento do capital; contudo, a produtividade parece se beneficiar apenas do financiamento por meio do mercado de capitais. Inversamente, em países de baixa renda, o crédito bancário é o principal impulsionador de ambas as fontes de crescimento, enquanto os mercados de capitais parecem não ter estimulado nem o acúmulo de capital, nem o aumento da produtividade. Outro destaque foi um trabalho sobre a queda nos dividendos da educação universitária na Venezuela elaborado por Naihobe Gonzalez e Ruth Uwaifo Oyelere da Georgia Tech. Todos os trabalhos estão disponíveis no Web site do Centro das Américas.

O sucesso desse workshop e o crescente interesse nesse evento levarão à expansão do programa em 2010 para que sejam realizados mais painéis e haja mais oportunidades de participação.

Um dos programas FTAs acima mencionados, o Curso sobre Análise e Investigação de Bancos foi realizado em Lima, no Peru. Conduzido totalmente em espanhol, o curso fez parte de um programa de pós-graduação de verão de três meses organizado pela Superintendência Bancária Peruana (SBS) e patrocinado pela Associação dos Supervisores de Bancos das Américas em benefício dos atuais e futuros examinadores de bancos de toda a América Latina. Participaram do curso, estudantes de graduação peruanos; funcionários públicos de fiscalização das superintendências bancárias da Guatemala, Honduras, Uruguai, Paraguai, Equador, El Salvador, República Dominicana e Bolívia e funcionários da SBS. O nível de experiência dos integrantes das equipes de fiscalização variavam entre iniciantes e gestores seniores. Além das apresentações e de um teste final, o curso incluía o estudo de caso de investigação bancária sobre a situação financeira e a governança corporativa de uma instituição financeira. O estudo de caso culminou na apresentação, para um Conselho de Administração simulado, dos resultados encontrados pelos participantes. A cada ano esse programa treina indivíduos que seguem carreiras de sucesso nas superintendências bancárias da região.

Conselho Consultivo
O Conselho Consultivo do Centro das Américas foi constituído em 2008 para fornecer, à equipe do banco, informações sobre ideias sobre programa e planejamento e para ajudar a orientar o desenvolvimento do centro ao longo do tempo. Desde então, a equipe do banco tem consultado periodicamente os membros do conselho consultivo, em busca de sua contribuição para os programas e as iniciativas.

Todo o conselho consultivo reuniu-se pessoalmente pela primeira vez em novembro de 2009. Depois de se reunir com o Presidente do FED de Atlanta, Dennis Lockhart e com o comitê de orientação do Centro das Américas, o grupo participou de uma mesa redonda sobre o futuro da reforma regulatória no hemisfério e de uma discussão abrangente sobre os principais desafios financeiros e econômicos da região com o comitê de orientação e coordenação do Centro das Américas.

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Uma visão do futuro para 2010

Na medida em que a economia do Sexto Distrito do Federal Reserve continua a estabelecer laços mais fortes com a América Latina e o Caribe, as relações do Federal Reserve Bank de Atlanta, na região, também vão se expandindo. Dentre os grandes eventos programados para 2010 está a conferência de pesquisa sobre remessas e imigração que reunirá os principais especialistas de todo o mundo. O centro também organizará uma conferência juntamente com a American Society of Hispanic Economists antes das reuniões da Southern Economics Association e será um dos patrocinadores do workshop Southeastern International/Development Economics. Acesse a página do Centro das Américas na internet (frbatlanta.org/americascenter/) para conferir a lista completa de atividades programadas para 2010.

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